Sempre que vejo meu filho doente, rezo para que sua dor passe para mim e o deixe em paz!
Há alguns dias, meu filho começou a ter uma febre alta. Depois, manchas vermelhas no corpo e um incômodo na garganta. Pensei que fosse roséola, um quadro viral que ele já teve uma vez, mas a partir daí, só foi piorando. As manchas ficaram mais fortes, ele começou a ter dores no corpo, na cabeça, na língua – e a febre não baixava. Parou de comer, como era de se esperar.
Corri para o médico, já naquela angústia: “por que não deu em mim em vez de dar nele? Por que criança tem que ficar doente?”
Filho doente me parece tão injusto!
Teste do cotonete feito: bactéria streptococcus, diagnóstico: Escarlatina. Pela primeira vez terá que tomar antibiótico. Meu coração varia entre “que tristeza, ele só tem dois anos” e “graças a Deus que existe antibiótico, antes, essa doença era fatal”.
E no meio disso tudo: ouvi uma palavra no consultório que me tremeu na base: “mãe, as manchas estão tão fortes que ele parece estar entrando em um quadro de infecção generalizada”. A partir daí, meu mundo caiu. “Sepse”? Acho que desmaiei e voltei em alguns segundos. Coração a mil, não conseguia falar uma palavra, a médica me perguntou se entendi o que ela falou, minhas lágrimas confirmaram. “Eu entendi”.
No próprio consultório já administramos a primeira dose do antibiótico e mais um remédio para febre.
Outro médico o analisou quando a febre cedeu. As manchas estão menos arroxeadas. Ufa, nada de sepse, era só a febre intensificando a mancha. “Fica tranquila mãe, isso é típico de Escarlatina”. Volto a raciocinar.
Leia nosso artigo: O mundo é baby friendly?
Agradeço a Deus por não ser o pior dos quadros.
Quero pular no pescoço da médica que levantou essa bandeira? Ou agradecê-la por ter sido honesta e não me deixado no escuro sobre sua suspeita? Não sei ao certo. Cabeça de mãe é assim, vai do 8 ao 80 em menos de um segundo.
Voltamos para a casa, ele come um pão de queijo e vai dormir cedo. Administro a segunda dose do antibiótico à noite, com ele dormindo mesmo, não posso perder tempo. Nos dias seguintes a febre não deu sinal (ufa!), mas a tosse intensificou. Será que está chiando? Gravo sua respiração, mando para minha irmã, que é médica. Não está. Mas ele continua chorando muito, só quer colo, não quer comer.
Passo as próximas noites acordando de hora em hora para verificar se ele está bem. Rezo novamente para que toda a dor que ele está sentindo passe para mim e o deixe em paz. E seguimos assim por 5 dias, até que ele começa a ficar mais animadinho e volta a ser aquela criancinha alegre, falante e sapeca de sempre e, claro, volta a comer.
Nesses últimos dias com filho doente, me deixo de lado, não dou as caras no Crossfit (e penso na dor muscular que vou sentir quando retornar!); não me alimento muito bem, pois não consigo tempo para fazer comida; não passo protetor solar no rosto; não consigo cachear meu cabelo, sigo com o rabo de cavalo mesmo. E tantos outros “nãos para mim” que toda mãe conhece bem.
Por fim, quero dizer que a doença passa.
Aliás, tudo passa. Se você está vivendo esse momento, fixe-se nessa ideia: esse não é o normal do seu filho, ele vai voltar a ser como era antes. Em alguns momentos, o desespero é tanto que parece que esse é nosso novo normal, parece que temos uma nuvenzinha na cabeça, nos impedindo de lembrar que tudo isso é momentâneo e que vai passar. Esses dias difíceis virarão lembrança.
E sabe o que mais vira lembrança? Aquele colo que não neguei, os livrinhos que lemos mil vezes para distraí-lo da dor, a banana com aveia que comemos juntos, pois era a única coisa que ele aceitava por dias, o beijo de boa noite junto com aquela encostadinha com a bochecha na testa dele para ver se está com febre; o alívio em saber que ele está geladinho…
É… essa não foi a primeira vez que ele ficou doente nem será a última – e não é a primeira vez que me sinto assim nem será a última. Por aí também é assim? Respira fundo, mãe, vai passar!
Imagem de capa: Canva
Comentários (4)
Natália Guerrasays:
08 agosto 2023 em 1:25 amVc escreveu tudo que o coração quer dizer! Obrigada pelas palavras!
Ligia Menezessays:
09 agosto 2023 em 11:51 pmObrigada pela leitura! 🙂
Leilasays:
08 agosto 2023 em 11:47 amComo dói ver nossos pequenos doentes. E esse sentimento de impotência diante da dor deles acaba com a gente. Mas tudo passa e a gente segue em frente com o coração aos pulos entre alegrias e preocupações mas serão sempre momentos inesquecíveis.
Ligia Menezessays:
09 agosto 2023 em 11:52 pmÉ muito difícil mesmo, ainda bem que passa!! Beijos