A experiência de criar uma criança de maneira respeitosa é transformadora! Entenda melhor o que é parentalidade positiva.
Como mãe de um menino de dois anos e sete meses, minha jornada na parentalidade positiva tem sido uma experiência enriquecedora.
Quando falo o que é parentalidade positiva, não me refiro a uma técnica de educação ou a dizer sim a tudo o que a criança pede. Trata-se de um estilo de vida baseado no respeito mútuo, na empatia e na criação de um ambiente que estimule o desenvolvimento saudável. Para mim, não há outra maneira de criar meu filho.
O que é parentalidade positiva?
Agir para agradar ou aprender a viver?
Esse conceito não é novo, surgiu em meados de 1980, baseado nas teorias de psicologia e psiquiatria de Alfred Adler e Rudolf Dreikurs. Segundo eles, comportamentos (bons e maus) emanam das necessidades humanas de pertencimento – e o “incentivo” por meio de punições, ameaças e recompensas nos rouba a vontade de realizar as coisas pelas próprias razões. Afinal, nos leva a agir querendo sempre agradar os outros.
Enxergando sob os olhinhos infantis: deixar de agir pelas suas vontades intrínsecas, a fim apenas de agradar terceiros ou com medo de punições e castigos. Bem triste, não?
Cada criança é única!
Entender a personalidade de sua criança, suas necessidades e ritmos de desenvolvimento é fundamental para embarcar nessa jornada sobre o que é parentalidade positiva. Não há uma regra ou um caderninho de itens a serem seguidos. Mas há alguns princípios, resumidos por Amy McCready (autora de If I Have to Tell You ONE MORE TIME e The “Me, Me, Me” Epidemic):
1. Tempo de qualidade
Aqui em casa, funciona assim: celular longe, criança perto, TV desligada. Sento-me no chão, escuto, brinco, explico. Converso muito, como se estivesse conversando com um amigo. Assim, criamos conexão e confiança mútua.
Nos dias em que estou mais atarefada ou cansada, ele me chama: “vem mamãe, senta aqui comigo”. Não tenho como negar esse pedido, ele pega minha mão com suas mãozinhas e me leva para seu lado.
2. Gatilhos
Com o tempo, torna-se mais fácil descobrir os gatilhos que levam a certos comportamentos. Guga está em uma fase de aprender a lidar com frustrações. Sempre que tenho que negar alguma coisa, tento direcionar sua atenção para outra coisa. Na maioria das vezes funciona, mas se ele está com fome ou sono, a tarefa se torna muito mais difícil. Ou seja: fome e sono são gatilhos fortes para ele – e desencadeiam o que chamamos de birras.
Choro inconsolável, grito, se jogar no chão… Sim, já aconteceu por aqui. O lance é mudar ele de ambiente, conversar, acalmar e, rapidamente, dar comida ou oferecer um colinho para o sono!
O que procuro fazer também é, depois que ele se acalmar (ou algumas horas depois do incidente), conversar: relembro tudo o que aconteceu e explico como ele poderia ter agido.
3. Clareza nas informações
Como a criança vai saber que não pode fazer alguma coisa, se nunca foi dito para ela o motivo? Procuro sempre ser clara nas minhas explicações, obviamente, respeitando o limite de entendimento do meu filho, que tem apenas dois anos e sete meses de idade.
Aqui, entra também uma regrinha-chave: a empatia. Tratar sempre como você gosta de ser tratado: sem gritos, sem grosserias, com respeito e carinho. É um dos caminhos essenciais para entender o que é parentalidade positiva.
4. Reforço positivo
É tão bom quando alguém reconhece nossos esforços, não é mesmo? Quando fazemos um bom trabalho e recebemos um elogio por isso! Então, na parentalidade positiva, também fazemos isso com os bons comportamentos: verbalizando e com afeto físico.
“Que desenho lindo, filho!”, “Que legal, você fez carinho na Ohana, tenho certeza que ela adorou”, “Isso mesmo, leva seu prato lá na pia, assim, você ajuda a mamãe”…
Ao mesmo tempo, não utilizo recompensas, pois essas oferecem ganhos apenas no curto prazo – e condicionam a criança a sempre agir querendo essa bonificação.
Nos comportamentos não tão legais, não há elogios: há conversas explicando como ele poderia ter agido. E, sim, ele entende!
5. Tudo é ensinamento
Para pais e filhos, tudo é aprendizado. Então, aqui pedimos desculpas quando erramos. Outro dia, meu marido ficou bravo porque Guga jogou a ração da Ohana no chão pela segunda vez e gritou com ele. Em seguida, arrumou a bagunça, sentou com Guga e pediu desculpas por ter gritado. Porém, deixou claro que jogar a ração também não foi legal – e o próprio Guga já sabia disso, concordou e seguiu feliz para a próxima brincadeira.
Como se conquista o respeito da criança?
Há bastante diferença entre autoridade e autoritarismo. Como pais, querendo ou não, somos autoridade máxima da casa em que moramos. Isso significa que somos responsáveis pela educação e bem-estar das crianças. Mas não significa sair dando ordens sem sentido apenas porque temos “poder” para tal.
Novamente, em vez de comandos autoritários, busco manter o diálogo aberto com meu filho. Claro, há coisas que sua maturidade não permite compreender: “é preciso, sim, tomar banho todos os dias. Mas vamos tornar esse momento mais divertido, filho? Que tal levar o carrinho com você?” Ou ainda: “quem vai tomar banho com você hoje, o carrinho ou a Kombi?” (dar duas opções sempre funciona melhor!).
Hoje mesmo, ele não queria trocar a fralda e eu estava atrasada. Falei que o Marshall e o Rocky estavam também com a fralda suja, se ele poderia me ajudar a limpar os cãezinhos, após trocar a fralda. Ele foi feliz da vida e sozinho, sem eu ter que interromper suas brincadeiras e levá-lo no colo para o quarto.
Parentalidade positiva é o estabelecimento de limites claros, mas com compreensão e empatia. Em vez de impor regras de maneira autoritária, procuro envolver meu filho na definição de limites, explicando as razões por trás deles. Isso não só promove um senso de responsabilidade, mas incentiva o desenvolvimento da autorregulação.
Como não fomos criados dessa maneira, isso exige bastante esforço até que se torne um hábito. Educar é ter paciência, é repetir mil vezes a mesma coisa mesmo. É aprender dia após dia. É o amor em sua forma mais pura: a doação de si própria!
Imagem de capa: Canva
Comentários (2)
Juliana Mannasays:
27 fevereiro 2024 em 12:58 amAdorei o texto… tenho uma filha de 3 anos e 3 meses e tento agir dessa forma com ela. Confesso que as vezes é difícil não usar “chantagens” para conseguir a colaboração mas tento sempre nomear e acolher os sentimentos e tentar acalma-la antes de tentar explicar e conversar.
Lígia Menezessays:
29 fevereiro 2024 em 7:30 pmTemos que respirar fundo! Mas dá resultado!! Beijos