Descubra por que frases como “Só um pouquinho não vai fazer mal!” podem prejudicar a alimentação saudável para crianças. Saiba mais aqui!
Você já falou que não era para oferecer determinado alimento à criança e quem ia oferecer fez cara feia e/ou falou algo do tipo: “poxa, mas ele vai ficar com vontade! ”, “coitadinho, deixa esse (a) menino (a) comer, só um pouco não irá fazer mal! ” ou qualquer frase semelhante?
Pois bem, eu converso com várias mães que relatam passar por essa situação frequentemente. E sabe quais perguntas faço na hora? De quem é a responsabilidade de criação da criança? Você está certa sobre suas decisões? E até que ponto a opinião dos ‘outros’ influencia e interfere em suas decisões?
Sei que pode parecer meio sem educação da minha parte (se bem que ainda acho mais sem educação da parte de quem fala isso sem saber!), mas o que gostaria que você entendesse e percebesse é que a criança é uma espécie de ‘esponja’, que absorve tudo o que vê e ouve próximo dela, sem saber se está certo ou não. Durante os 5 primeiros anos, ela está formando seus hábitos alimentares que serão levados por toda a vida (claro que novos hábitos e costumes são adquiridos com o tempo, mas ao ter uma correta formação, mais fácil e prazerosa serão as demais etapas da vida!).
E é sobre essas frases sem fundamentos e cheias de achismos que vim falar hoje com você. Abaixo listei algumas delas e falo o porquê não devemos utilizá-las:
Frases para evitar se quer garantir uma alimentação saudável para crianças
1. “Sempre comi e estou vivo até hoje!” ou “Você comia quando criança e está viva!”
Deixa eu ver se entendi, a intenção era matar? Acredito que ninguém cria seus filhos pensando nas piores consequências para ele, não é verdade? Não estou dizendo, por exemplo, que um bombom causará obesidade ou diabete, mas o que quero dizer é que os tempos são outros, há novos estudos e conhecimentos e sabemos que uma criança não tem a menor necessidade de comer esse bombom (ou qualquer outro alimento doce ou cheio de gordura) nessa fase da vida.
2. “Coitadinho(a), ele(a) vai aguar!”
Vou dar outro exemplo para depois falar da alimentação: tudo o que a criança vê na rua, ela pede e o que você faz? Compra? Ou analisa o que é, vê a necessidade daquilo e fala que não pode, não tem dinheiro, que depois compra ou algo do tipo? Então, como a criança sente vontade de algo que ela não sabe o que é e nunca comeu? Crianças olham tudo: as cores, o formato… mas isso não quer dizer que ela queira, afinal, é muito provável que seja algo novo que apenas chamou sua atenção!
Se você ou outra pessoa realmente quiser oferecer, por que não adaptar a preparação e não usar açúcar e gordura, por exemplo, ao invés de oferecer um picolé de chocolate? Por que não fazer um picolé de frutas picadas com água de coco? Muito mais refrescante, bonito, saboroso e saudável.
3. “Só um pouquinho não vai fazer mal!”
Qual o sentido do ‘fazer mal’? Ter uma dor de barriga? Uma indisposição? Ou fazer mal a longo prazo? Devemos sempre considerar que existem alimentos certos para cada idade e a criança está formando seus hábitos alimentares. Ou seja, não devemos pensar apenas no momento atual (o ‘fazer mal agora’), mas sim em todas as consequências ao longo dos anos, afinal, é sempre preferível trabalhar com a prevenção no presente a ter que se preocupar com o tratamento no futuro!
4. “Deixa aproveitar a infância!”
Sim, óbvio que tem que aproveitar a infância: brincando, se divertindo, aprendendo, conhecendo, experimentando, ganhando muito afeto e carinho e não relacionar a infância com momentos de guloseimas, afinal, quando ele (a) se tornar independente, caberá a ele (a) decidir o quê, quando, quanto e como comer… incluindo as guloseimas!
Leia também: Doces e crianças – 6 dicas para lidar com o açúcar na alimentação infantil
5. “Isso é comida de criança!”
O que é para você ‘comida de criança’? Acredita que alimentos ricos em gordura, açúcar, sódio, conservante e corante sejam realmente ‘comida de criança’? Acha mesmo que no 1º aniversário da criança ela deva se lambuzar de chantilly e glacê (o ensaio fotográfico do smash the cake)? Acha que no dia da pizza ou do churrasco a criança tem que comer pizza com bacon e queijo extra ou comer linguiça a tarde toda?
‘Comida de criança’ é a comida caseira, aquela simples, prática e saborosa, onde todos comem com prazer e satisfação, ou seja, comida de criança é comida de adulto. Por que não trocar o ensaio do bolo pelo ensaio com as frutas (smash the fruit — que permite que os bebês toquem, conheçam, experimentem e se lambuzem com os novos sabores de frutas)?
Por que não adaptar a comida ao momento e pedir uma pizza com menos queijo e adição de vegetais e legumes (brócolis, escarola, ou rúcula, por exemplo)? Ou então oferecer o frango em outro corte, para a criança comer com a mão? Isso, sim, é comida de criança!
Poderia listar muitas outras frases para evitar se quiser garantir uma alimentação saudável para crianças, mas o que eu mais gostaria de te dizer é que tudo tem o seu momento certo e que você não precisa ter pressa para oferecer alimentos desnecessários à criança. Afinal, se ele (a) ainda não experimentou quiabo, abobrinha, vagem, caqui, fruta do conde… qual a necessidade de ele(a) experimentar balas, bolos recheados, bolachas recheadas, chicletes, macarrão instantâneo, lasanha congelada, etc.? Pense nisso e garanta uma alimentação saudável para crianças até a vida adulta.
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