Consumismo infantil: o que um presente não diz sobre ser mãe

Ensinar valores é mais importante que ceder ao consumismo infantil. Veja como transformar frustrações em memórias afetivas duradouras.

Olá, queridas leitoras! Como vocês estão? Espero que bem!

Recentemente passamos por uma das datas comemorativas que eu mais gosto: a Páscoa!

A Páscoa também é uma data muito apreciada pelas crianças e, nessa época, o consumismo infantil aumenta — com a compra de doces, ovos e bolos de chocolate. E nós, como mães, acabamos sendo influenciadas a comprar ovos de Páscoa caríssimos para nossos filhos, com o intuito de provar o quanto os amamos. Quando isso não acontece, nos sentimos as piores mães do mundo!

Depois da Páscoa, ao voltar para a escola, minha filha comentou sobre uma situação pela qual passou. Neste ano, infelizmente, não foi possível comprar nem sequer um ovo de Páscoa, e meus filhos entenderam isso. Sempre tento mantê-los informados sobre diversos assuntos, e essa atitude tem me salvaguardado de muitas exigências desnecessárias.

Meus filhos sabem que podem contar comigo e que, quando preciso tomar uma “medida drástica”, é porque é necessário.

Voltando ao assunto, minha filha contou que ficou um pouco constrangida quando, na escola, o professor perguntou se os alunos tinham ganhado muitos ovos de Páscoa. Ao ver as respostas dos colegas, ela se sentiu acanhada e ficou calada.

Como qualquer mãe, fiquei um pouco triste por minha filha não ter se sentido à vontade para compartilhar. Afinal, podemos dizer que, perante a sociedade, o que importa são os ovos — não outros tipos de doces ou gestos de carinho.

Criei coragem e fiz uma pergunta complexa à minha filha: “Por acaso você sentiu inveja de seus colegas?”

Admito que a resposta dela me surpreendeu! Com seu jeitinho de criança, ela disse que ficou com um pouco de inveja, mas só no momento, e depois passou. Segundo ela, não era algo tão importante pelo qual valia a pena se importar.

Decidi me aprofundar mais no assunto e percebi que minha pequena não estava tão abalada com a situação — e isso me deixou muito feliz.

Às vezes, ficamos tão focadas em dar de tudo para nossos filhos que esquecemos do que realmente importa.

Quando nossos filhos se sentem amados e respeitados, e nós damos o exemplo de que certas coisas na vida são fúteis, é muito mais difícil que eles se abalem por não seguirem o “curso do mundo”. E isso é um antídoto poderoso contra o consumismo infantil.

Infelizmente, existem tantos jovens que cometem atos inenarráveis porque não aprenderam a ouvir um “não” — ou coisas piores…

Recentemente, fiquei sabendo de uma jovenzinha que ouviu da própria mãe que ela não deveria ter nascido! Sem um pingo de compaixão, a mãe disse à filha que deveria ter tirado a vida dela ainda no útero…

Depois de ouvir tamanha crueldade, cheguei à conclusão de que o que me faz uma boa mãe não é um presente de Páscoa. Mas sim todo o esforço que fiz para que meus filhos tivessem o necessário. Sempre ensinei a eles que focaria no essencial. E que, se fosse necessário, abriria mão de certos “luxos” para garantir o bem-estar deles — físico e emocional.

Muitas mulheres podem se sentir mal por não poderem dar um tênis de marca ao filho ou uma boneca cara à filha, mas as enchem de amor! Escutam seus singelos clamores infantis e sempre se esforçam para que os filhos desfrutem da infância com mais tranquilidade.

Isso é ser mãe: ouvir, amar, cuidar e sempre procurar um jeito de fazer as coisas ficarem mais leves. Infelizmente, algumas mulheres demoram um pouco para entender isso. Mas o fato é que todas estamos travando lutas e, muitas vezes, falhamos terrivelmente.

Quanto à mãe que disse aquelas coisas desagradáveis à filha, espero que consiga reverter a situação a tempo — antes que a menina se torne mulher e queira ir embora de casa para nunca mais voltar.

Quanto a mim, aproveitei a ausência dos ovos de Páscoa para ensinar lições importantes. E, antes de finalizar este artigo, quero compartilhá-las com vocês:

Lições contra o consumismo infantil:

  1. Tudo nessa vida passa!
    Ovos de chocolate, momentos felizes e até os tristes. Mas não deixem que palavras duras entrem nos ouvidos sensíveis de seus filhos.
  2. Parabenizem atitudes coerentes!
    Quando seus filhos souberem lidar com frustrações, é sinal de que o caráter deles está se desenvolvendo bem.
  3. Criem memórias felizes.
    Não é necessário que essas memórias estejam ligadas a presentes ou coisas materiais. Que sejam lembranças carregadas de carinho — essas permanecerão com eles para sempre.

As boas lembranças, o sentimento de serem amados e educados a não se abalarem com imprevistos farão com que nossos filhos tenham uma vida mais doce.

Eles não estarão preocupados em aparentar felicidade. Eles serão felizes.
E a vida sempre lhes parecerá bela — e colorida como o embrulho de um doce, mas com um conteúdo muito mais valioso.

Imagem de capa: Canva

Luzia Souza

Luzia Souza é uma escritora baiana, que tem contos publicados em mais de quarenta antologias e três revistas literárias. Ama ler, ver séries e como desenhista autodidata tem ilustrações publicadas nas revistas digitais Mar de Lá e Arte do Multiverso. Tem três filhos que ama profundamente! Recentemente publicou seu primeiro livro solo! Costuma sonhar acordada, e ainda está aprendendo a lidar com as próprias falhas enquanto vai construindo o seu próprio caminho de tijolos amarelos.

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