Chegou o dia da consulta mensal, e lá vão mamãe, papai, bebê e a caderneta do Ministério da Saúde. É o tão aguardado momento de pesar e medir o pequeno e registrar meticulosamente os respectivos pontos nos gráficos de peso e crescimento na parte da curva de crescimento infantil.
No entanto, o estresse pode se instalar se a família for informada de que “está ganhando pouco peso” ou “está abaixo do esperado no gráfico”.
Façamos uma pausa para acolher essa legítima preocupação dos pais!
Agora, quero compartilhar algo muito importante: seu filho é muito mais do que um mero ponto no gráfico da curva de crescimento! Esses parâmetros são, sim, importantes, mas nem de longe devem ser os únicos a serem analisados e considerados em qualquer diagnóstico.
Falando especificamente dos gráficos, vale esclarecer alguns pontos:
- As curvas padrão utilizadas pelo Ministério da Saúde são referenciais estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2006/2007, a partir de estudos envolvendo aproximadamente 8500 lactentes e crianças saudáveis em quatro diferentes continentes, inclusive no Brasil.
- Com a padronização dos parâmetros é possível avaliar as curvas de desenvolvimento infantil em qualquer país, independente da etnia, condição socioeconômica e esquema alimentar. A única variável deste modelo é o sexo da criança já que meninos e meninas se desenvolvem de formas diferentes.
Esses gráficos desempenham um papel de apoio para diagnóstico, mas jamais devem ser utilizados de forma isolada, sem levar em consideração o contexto completo da criança, sendo apenas um dos critérios de avaliação. A faixa de normalidade se estende entre os extremos da curva, não no seu centro.
Cerca de 95% da população de crianças normais se encontram entre essas faixas extremas. Algumas curvas e cadernetas apresentam 7 ao invés de 5 linhas. Nesses casos, é importante ressaltar que a normalidade está entre o p3 e p97, ou escore-z −2 a +2.
Muito importante também ressaltar que a faixa verde ao centro não representa uma meta a ser atingida, ela apenas indica que 50% da população estudada se encontra ali, Naquela idade tem aquele peso, altura ou IMC.
Estar fora da média, não é ruim.
É fundamental entender que um único ponto não define o quadro. A compilação desses pontos ao longo de um período forma uma linha do tempo que pode ser valiosa para um diagnóstico adequado. Mas nunca isoladamente. Cada criança é única, com um ritmo de crescimento determinado por diversos fatores, como o seu potencial genético (filhos de pais pequenos tendem a ser menores e vice-versa), estilo de vida, rotina, alimentação e ambiente.
Vale lembrar que é normal (e esperado) uma redução na velocidade de ganho de peso depois dos 6 meses e depois dos 12 meses. E isso não está relacionado a comer pouco!
Períodos de doenças ou de menor apetite podem refletir em ganho de peso inferior, mas isso pode ser recuperado posteriormente, não sendo motivo para aflição, mas sim para observação e cuidados. Agora, sobre a importância desses gráficos da curva de crescimento, eles nos ajudam a identificar possíveis problemas de desenvolvimento e a intervir precocemente, se necessário. Se notarmos uma queda brusca e muito significativa no ganho de peso, por exemplo, isso pode ser um alerta para investigar possíveis causas e promover ajustes na abordagem nutricional. O oposto também pode acontecer, em especial se for um bebê em aleitamento materno e/ou pós cirurgia de freio.
Somente uma análise ao longo de um período de tempo pode oferecer uma noção completa do desenvolvimento do bebê, levando em consideração parâmetros cruciais ausentes nos gráficos, como marcos de desenvolvimento global esperados para cada faixa etária, a saúde como um todo e até mesmo, o desenvolvimento cognitivo esperado para a idade.
Nesse contexto, a presença e o acompanhamento de uma nutricionista tornam-se ferramentas valiosas. Essa profissional pode oferecer orientações práticas sobre a alimentação, propor estratégias para lidar com períodos de menor apetite e fornecer suporte para a promoção de um maior equilíbrio alimentar. Além disso, ela desempenha um relevante papel na interpretação e contextualização dos dados dos gráficos de crescimento, contribuindo para um entendimento mais abrangente da saúde infantil.
Em resumo, compreender a curva de crescimento e os gráficos vai além de meros números; envolve uma análise sensível, contextualizada e contínua ao longo do tempo e a parceria com uma nutricionista proporciona não apenas suporte prático, mas também tranquilidade aos pais, permitindo que eles acompanhem o desenvolvimento único de seus filhos de maneira mais informada e integrada.
Imagem de capa: Canva
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