Você permite que o silêncio aconteça em sua casa? O que o silêncio tem a ver com criatividade e desenvolvimento infantil?
Crianças precisam de silêncio. E, no começo, quando Guga tinha quase um ano e começou a se interessar por mais brinquedos, como os de encaixar, para mim, isso era muito difícil. Não sou de colocar música toda hora ou falar alto, não é isso. Eu curto silêncio também. Mas me peguei interrompendo as atividades que Guga desenvolvia sozinho muitas vezes, apenas por achá-lo lindo e querer mexer com ele.
Por isso, agora me policio para que ele consiga brincar sem perguntar “o que você está fazendo?”, ou sem comentar “nossa, que brincadeira legal” ou coisas do tipo. Percebo que quando faço isso, ele interrompe a brincadeira, perde a atenção e isso inibe sua criatividade. Ao mesmo tempo, se não falo nada (e se não cruzamos olhares), ele permanece brincando sozinho por mais tempo – e eu adoro assistir!
Fui pesquisar e descobri que isso faz parte do crescimento e desenvolvimento infantil. Segundo Maria Montessori, o silêncio é necessário para que a criança reflita, aprenda a se concentrar e perceba seus próprios pensamentos. É um meio valioso de educar para que ela desenvolva sua empatia, paciência e criatividade.
Vamos lembrar sempre que a mente infantil é uma esponjinha!
Quanta poluição sonora absorvemos ao longo do dia, que nos agita, confunde e distrai. Imagine tudo isso na mente infantil, que absorve como uma esponjinha tudo o que se passa ao seu redor! Os barulhos se tornam um obstáculo ao aprendizado sensorial.
Sabe a “hora da bruxa” que os bebês têm por causa de estímulos?
As crianças mais velhas também têm, pois ficam em desequilíbrio. E preservar o silêncio em alguns momentos ajuda muito a evitar as birras – é um gatilho importante aqui em casa.
Elas não precisam de música o dia inteiro, não precisam de um adulto chamando toda hora. Precisam se sentar com objetos que lhe permitam criar e brincar livre, para que explorem e aprendam.
Então, não interromper se tornou uma prática diária aqui em casa, um verdadeiro exercício para mim. Isso não significa não interagir, mas deixar acontecer. A interação vai ocorrer quando a criança quiser e em todos os outros momentos, mas quando eu percebo que Guga está concentrado, criando, me permito observar apenas. É difícil, mas possível, viu?
E o que fazer com as telas?
O mesmo vale para as telas. Elas atrapalham o silêncio, claro, inibem a criatividade e a capacidade da criança brincar sozinha. Sem contar que podem prejudicar o desenvolvimento infantil neuromotor e cognitivo.
O mesmo vale para deixar a TV ligada apenas como ruído de fundo, som ambiente. Já vi isso em muitas casas. Eu, particularmente, não gosto. O som da TV me atrapalha, me desconcentra. Imagino, então, o que pode fazer com bebês e crianças!
É por isso que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda evitar a exposição a telas a crianças menores de 2 anos. Depois, libera para poucos minutos por dia, sempre sob supervisão dos pais.
Aqui em casa, mesmo Guga já tendo mais de 2 anos (2 anos e quase 3 meses, mais especificamente), decidimos remar contra a maré. Guga nunca assistiu TV. Ele sabe que existem desenhos, pois já viu os priminhos assistindo – e também as crianças aqui do prédio, com o celular dos pais.
Percebo sua curiosidade quando alguém está assistindo desenho. Mas como não temos o hábito de ver TV em casa, ele acaba também não tendo o hábito de assistir e logo muda o foco.
Minha ideia não é criá-lo em uma bolha. Sei que telas de emergência existem e podem ser necessárias algum dia – e são em muitas casas. Mas por enquanto, respiro e finjo que elas não existem. E viva o silêncio!
Quer reduzir o uso de telas por aí?
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