Descubra como as palavras certas podem moldar os hábitos alimentares das crianças. Dicas para evitar frases negativas e como promover uma relação positiva com a comida.
Volta e meia ouço pessoas falando que não sabem mais o que fazer para o filho comer e esse assunto rende muito conteúdo, como, por exemplo: formação e manutenção dos hábitos alimentares, respeito à saciedade da criança, fazer refeições em família, levar a criança para conhecer e comprar os alimentos, pedir ajuda delas no preparo, reações faciais que expressamos, evitando o uso de frases negativas e usando frases de efeito positivo, etc.
Hoje, então, falarei das frases, que usamos muitas vezes sem pensar nas consequências ou não ‘falamos por mal’, mas que acabam tendo um efeito negativo nos hábitos alimentares das crianças. Também falarei das frases que devemos priorizar, já que estimulam a criança a comer (ou ao menos experimentar), sem medo e com menos rejeições.
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Frases de efeito negativo nos hábitos alimentares das crianças
“Se não comer salada, não vai ganhar sobremesa!”
Não devemos oferecer uma recompensa quando a criança comer algo, cada alimento tem seu momento e significado e, acredite, elas irão fazer a pior relação possível, algo mais ou menos assim: “Nossa, salada deve ser tão ruim, que como recompensa por comer mereço até um doce! Quer saber, até gosto do doce e sei que vou ganhar de qualquer jeito, mas não vou comer salada não, eca!”
“Tem que comer tudo!”
Geralmente, quando montamos o prato da criança, não pensamos que a capacidade gástrica (tamanho do estômago) dela seja menor que a nossa e, com isso, colocamos um volume proporcional à nossa saciedade. Imagina que horrível não deve ser, você estar satisfeito, ou pior, já estar estufado, e alguém insistir para comer? Por isso, respeite a saciedade da criança, não ache que ela está de manhã!
“Come para ficar forte/para o cabelo crescer!”
Com exceção de uma intoxicação alimentar, onde os sinais e sintomas costumam aparecer pouco tempo depois que comemos, as ações comer-crescer, comer-engordar ou comer — ter uma carência nutricional não são imediatas e sabemos que toda criança é extremamente momentânea, ou seja, se você disser que se ela comer vai ficar forte, ela mal vai acabar de engolir a colherada e já vai olhar para o bracinho e ver se ficou forte… e sabe o que é pior disso? Ela vai achar que você mente para ela! Seja mais sincera com ela: diga que, para ela crescer e ficar forte, precisa, além de comer, brincar, aprender e descansar!
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Frases de efeito positivo nos hábitos alimentares das crianças
“Olha, mamãe vai comer isso, quer experimentar comigo?”
Lógico que tudo tem seu momento, mas dê autonomia à criança de dizer se quer ou não, comer algo. E não precisa se preocupar em pensar que a criança só vai querer guloseima, sabe por quê? Porque quem faz as compras é você ou outro responsável dela, não é? Então, quem deve determinar a qualidade e a frequência com que se compra/consome os alimentos é você, as crianças devem apenas determinar a quantidade que irão consumir! Não tenha medo de perguntar!
“Me ajuda a preparar a comida? Quer provar o que você fez?”
Sabia que a criança tende a aceitar experimentar e até mesmo comer os alimentos que ela ajudou a preparar? E não precisa ser nenhum ‘jantar francês’ não, o simples fato dela ajudar a cortar/descascar/mexer algo já torna a preparação como ‘feita por ela’ e as chances de ela não gostar do que fez são mínimas, para não dizer nulas… experimente!
“Que legal que você experimentou esse alimento… me conta o que achou dele?”
Mostre para a criança que você está realmente interessada em saber sua opinião, que você está formando os hábitos alimentares dela, mas que você precisa saber o que a agrada/desagrada/ela tem vontade. Afinal, o ato de alimentar-se está muito longe de ser apenas para ingerir nutrientes, mas envolve carinho, afeto e muito conhecimento!
“É normal as pessoas não gostarem de todos os alimentos, mas elas só irão saber se gostam ou não depois que experimentam…”
Reforce a importância de conhecer, sentir, apalpar, cheirar e degustar os alimentos, que é perfeitamente normal não gostarmos de tudo (claro que o certo não é experimentar uma única vez o alimento, mas sim testar diferentes formas de preparo com o mesmo alimento, por exemplo, a cenoura: salada ralada, salada cozida, como purê, acompanhando a carne, em algum suco, no bolo…).
O importante é lembrar que num grupo de alimentos temos inúmeras opções e que não haverá uma deficiência/carência de nutrientes se a criança não comer a cenoura, mas comer o tomate, o pepino, a beterraba, por exemplo.
Espero que essas dicas facilitem a aceitação dos pequenos e que te deixe mais calma! E se precisar de ajuda na criação de hábitos alimentares das crianças, também estou disponível no Chat Nutri do Aplicativo Garfinho, clique aqui para baixar.
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