Como oferecer o leite materno no BLW e 1 dica muito importante

O bebê deve ser amamentado com leite materno até os 6 meses de forma exclusiva, ou seja, sem receber nenhum outro tipo de líquido ou sólido e ter o aleitamento prolongado por 2 anos de idade, ou mais. Essa é a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Mas aí o bebê fez 6 meses e as dúvidas sobre a oferta do leite materno e da comida começam a surgir: oferecer um no lugar do outro? Deixar de oferecer um para aceitar o outro? Horários, rotina… Tudo isso deve passar pela sua cabeça. Mas não se preocupe, vamos te ajudar explicando todos esses pontos.

Cuidado com a introdução alimentar precoce! Nada justifica começar a introdução alimentar antes dos 6 meses, não importa o motivo. É essencial observar e seguir os sinais de prontidão (para saber mais, clique aqui).

Antes de falarmos sobre isso…

É normal que o bebê não coma de fato. A primeira fase é mais exploratória, e isso pode durar semanas ou meses. Confie, que com o tempo, ele vai começar a comer. 

Esse início pode e deve ser leve. Comer é uma necessidade básica e fisiológica do ser humano. 

Alguns bebês já sentem essa necessidade aos 8 meses. Já para outros, isso só vai acontecer com 13 meses, e está tudo bem. Cada bebê tem seu próprio ritmo. Apenas continue oferecendo alimentos saudáveis na forma e textura adequada e segura. Confie no desenvolvimento do seu bebê.

“Mas o que fazer se ele não come? Minha mãe falou que meu filho vai ficar desnutrido! Minha prima disse que o filho dela com 6 meses já comia um potinho de refeição por dia! Estão me enlouquecendo!” 

Verdade seja dita, sim, as pessoas próximas de você que não fizeram BLW – ou mesmo que não fizeram corretamente, nem entenderam a abordagem como um todo, como ensinamos aqui no app – muito provavelmente vão te perseguir. 

Mas não desanime. Tenha uma certeza: as mesmas pessoas que vão te questionar no início, vão estar prontas pra tirar foto e achar a coisa mais linda quando o seu bebê estiver na mesa comendo sozinho.

Continue com o leite materno (ou fórmula)

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O bebê vai continuar sendo amamentado e/ou recebendo leite materno ou a fórmula. Exatamente como você estava fazendo até então. 

Mantenha a livre demanda. Ou seja, amamente o bebê quando ele estiver com fome/sede1.

Você vai perceber que quanto mais ele começar a comer, ao longo do dia ele vai aos poucos precisar menos do leite. Das duas, uma: ou vai  “esquecer” de pedir para mamar algumas vezes, ou tomará menos leite a cada mamada.  

O leite materno é um alimento completo em todas as fases da amamentação.

Como se adapta às necessidades de cada bebê, ele consegue ser ainda mais completo do que a fórmula (que é a melhor alternativa  para aquelas mães que por alguma razão não podem amamentar).

Então, se algum pediatra ou palpiteiro te disser que você deve parar de amamentar porque o seu leite não sustenta mais o bebê, ou que depois de 6 meses ou depois 1 ano o seu leite “vira água” e agora “só serve como apego”: use a ciência a seu favor (e mande catar coquinho). No final deste texto, vamos deixar todas as fontes para você ter na manga.

Eduque essa pessoa e explique que, além de ser comprovado cientificamente, a Organização Mundial da Saúde², a Sociedade Brasileira de Pediatria3 assim como o Ministério da Saúde4 e profissionais da saúde atualizados – incluindo todas as nutris do nosso app –  recomendam que o bebê seja amamentado até 2 anos ou mais. A amamentação deve acontecer até quando a mãe e o bebê quiserem. 🙂 

Você pode oferecer o leite materno ou fórmula antes, durante e/ou depois da refeição. O que supre as necessidades do bebê é o leite. A comida agora está ali apenas para exploração. 

Como o bebê aprende que a comida mata a fome?

“Como assim? O bebê ainda vai ter fome o suficiente pra comer os alimentos depois de mamar?” 

Parece que a conta não fecha, afinal se você está amamentando, como é que o bebê vai sentir fome pra comer? 

Embora à primeira vista não faça muito sentido, é importante que o bebê não esteja com fome quando oferecer os alimentos.

Se estiver com fome, o bebê vai se irritar facilmente e não vai ter a energia necessária para brincar e explorar. E a introdução alimentar nada mais é que aprendizado com diversão!

Agora ele precisa aprender que comer vai matar a fome. Então mesmo com leitinho na barriga, quando engolir a comida, aos poucos vai se dar conta de que ela também traz a sensação de saciedade.

Lembrando que o bebê não vai engolir a comida porque está com fome. Ele vai engolir apenas como consequência do brincar e a intenção de experimentar algo diferente.

À medida que o bebê começa a consumir mais alimentos ao invés de explorar, começamos a entender seus sinais de fome. 

  • Pega os talheres
  • Tenta alcançar a comida
  • Bota a mão na boca
  • Se inclina para alcançar a comida
  • Leva alimentos ou talheres à boca
  • Fica feliz quando vê a comida chegando

Ao saber identificar quais são os momentos mais propícios, é possível modificar a programação das refeições com base no que funciona melhor para você e sua família.

Você pode saber mais sobre programação e rotina aqui.

Até 1 ano de idade o leite materno ou fórmula é o alimento principal. A partir de 1 ano passa a ser complementar.

Dê tempo para que o bebê aprenda. Conforme você perceber que ele está comendo, veja se ele vai pular a mamada. Não ofereça, deixe que ele peça. Se ele estiver com fome, vai te avisar, assim como fez desde que nasceu.

Lembra o que significa a sigla BLW? É o desmame guiado pelo bebê, ou seja, é um processo, um caminho em que ele, aos poucos, irá diminuir as mamadas e aumentar a aceitação alimentar quando estiver pronto e confortável para isso. Mais uma vez, dê a oportunidade e confie no seu bebê!

O bebê passou a mamar mais?

Em alguns momentos da introdução alimentar, o bebê pode querer mamar mais do que comer e isso não é um problema. Mas observe se é relacionado a alguma situação ou acontecimento diferente, para entender o contexto: 

  • volta ao trabalho
  • gripe
  • congestão nasal
  • dor/inflamação de garganta
  • nascimento de dentes
  • reação de vacina
  • mudança de quarto ou de casa
  • mudança de rotina 

Ou até mesmo um começo de introdução alimentar brusca, com uma diminuição da livre demanda.

A recusa do peito também pode acontecer. Não é comum, mas também é necessário entender todo o contexto. Por exemplo, a recusa do peito associada ao uso de chupeta (ou outros bicos) junto com a amamentação. Esses podem causar confusão de bicos e levar ao desmame precoce. 

Lembre-se que um desmame natural dificilmente acontece antes dos 2 anos.

No aplicativo temos um guia completo falando sobre a absorção de nutrientes e a Amamentação após 1 ano, baixe o aplicativo BLW Brasil gratuitamente, disponível para Android e IOS.

Tem mais dúvidas sobre como oferecer leite materno ou fórmula? Deixe nos comentários!

Danielle Andrade | Nutricionista Materno Infantil

Sou formada em Nutrição desde 2011 (CRN3 - 34430) e sou especialista em nutrição materno infantil e comportamento alimentar desde 2015. Meu atendimento tem foco na disciplina positiva com respeito e empatia, quero mostrar aos cuidadores a importância de se entender o “porquê a criança não come”, indo além do alimento ou quantidade em questão.

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