Certos padrões de comportamento estão tão arraigados na sociedade que dificilmente são questionados. A forma como criamos nossos filhos vêm com algumas pré-formatações silenciosas e extremamente danosas. Sabe esse monte de amigas que a gente vê passando por relacionamentos abusivos? Sabe as nossas próprias escolhas ruins e reiteradas? Muito disso está relacionado a como lidamos com os nossos primeiros relacionamentos, lá atrás, na infância. E quando nos tornamos mães, nem tudo é tão obvio quando falamos sobre o que devemos ensinar aos nossos filhos.
Antes de ter um primeiro namorado(a), a gente passa por uma modelagem sobre como é amar e ser amado por nossos familiares e amigos. Se pararmos realmente para conversar sobre família, descobriremos muitas atitudes tóxicas disfarçadas de amor. E ainda que venha de um núcleo estável e esteja cercado de pessoas legais, ao se tornar mãe você tem a responsabilidade e a chance real de formar um ser humano com algo raríssimo de se ver por aí: equilíbrio emocional. Seguem alguns pontos que valem a nossa reflexão materna e ensinar aos nossos filhos.
O que precisamos ensinar aos nossos filhos
1. Ensine seu filho a ter empatia
Palavra bonita, em alta… Mas o que é empatia afinal? No dicionário, “ação de se colocar no lugar de outra pessoa”. Na vida é a capacidade de buscar a compreensão do outro através da ótica dele e não da nossa.
Um exemplo, seria converter as críticas inúteis em auto reflexão. “Meu amigo é muito feio, ele é muito magro!”, seria o momento de conversar sobre “como você se sentiria se os colegas resolvessem apontar seu corpo e falar mal dele?”.
Os erros dos nossos filhos são uma oportunidade de ensinar. Não perca esses momentos com repreensões inúteis ou pior, achando graça em comportamentos destrutivos. Trabalhe a empatia!
2. Crie-o a prova de chantagem emocional
Alguém chantageia uma criança? Sim. Inclusive nós, pais! Dizer ao filho que caso não faça o dever de casa você vai sair para o shopping e deixá-lo sozinho; que caso não pare de chorar, você irá embora; entre outros exemplos repletos de ameaças que magoam em troca de um comportamento esperado, tudo isso é chantagem.
Certa vez vi a babá da minha filha falando “mas você não gosta de mim? Se não for tomar banho eu vou lá pra minha casa”. Gente, sério, ela não fez por mal, mas conversei com ela imediatamente. Você não pode usar os sentimentos da criança para alcançar obediência.
Reflita esse comportamento e torne, desde já, sua criança menos suscetível a abusos psicológicos vindos de outras pessoas.
3. Ser sensível é bonito e necessário
Isso é algo muito importante que precisamos ensinar aos nossos filhos. Se para os meninos o choro sempre foi um tabu, eu digo, como mãe de meninas, que hoje uma força suprema é cobrada também das garotas. Acontece que pessoas que não expressam seus sentimentos e suas angústias estão mais propensas a desenvolver uma úlcera do que a galgar realmente alguma vantagem.
Ter sensibilidade, respeitar a sensibilidade alheia, entender que o amigo que está chorando merece mais um abraço do que uma piada de mau gosto, são diferenciais incríveis a se ensinar para uma criança.
Sensibilidade é a capacidade de sentir; é o oposto de frieza e isso é algo natural na infância que muitas vezes é repreendido e misturado com preconceito, sexualidade e outras coisas.
4. Trabalhe a comunicação desde cedo
Sabe aqueles adultos que emburram quando algo lhes desagrada ou simplesmente choram e são incapazes de conversar sobre? Pois bem. Provavelmente um dia eles foram crianças que se fechavam, que não conversavam e que não foram estimuladas a dizer exatamente o que estava se passando.
Perguntar com atenção sincera como foi o dia da criança, contar-lhe sobre o seu, conversar e estimular que emita opiniões sobre temas de atualidade são exercícios que aproximam e que tornam seu filho capaz de se expressar.
Mesmo crianças tímidas podem e devem ter espaço e estímulo para conversar com seus pais. A comunicação bem estabelecida entre pais e filhos é também questão de segurança.
3. Identifique e ensine a lidar com a ansiedade
A princípio quando falamos em ansiedade nos remete aquela sensação de impaciência para que algo aconteça. A situação de querer logo e não saber esperar vai aparecer mil vezes no dia a dia dos nossos filhos e é muito importante que a gente consiga ajudá-los a desenvolver controle sobre isso.
Um exemplo é não conseguir dormir porque no dia seguinte terá um passeio na escola, ou não conseguir permanecer em um ambiente que não ofereça distrações para crianças. São sentimentos normais e que mesmo nós adultos temos dificuldade de lidar.
Com diálogos constantes e informações claras isso pode ser amenizado. Ao sair de casa explique as coisas “vamos ao banco, onde a mamãe precisa resolver alguns assuntos. Lá eu preciso da sua colaboração e fica combinado que depois vamos tomar um sorvete”. É um sistema de parceria, onde ambos ganham e a compensação entra como reforço positivo de um bom comportamento.
É de suma importância cumprir o prometido. Sair e dizer “vamos ali” e ficar levando de um lado para o outro só vai gerar perguntas e impaciência. Existe também a ansiedade patológica, que vai além, e se manifesta como doença, causando sintomas físicos e que exigem acompanhamento profissional.
Não feche os olhos, o transtorno de ansiedade não é frescura e seu filho pode precisar de ajuda médica.
Esses são alguns pontos da educação infantil que merecem relevância, pois oferecem diferenciais positivos para eles no futuro. Vale lembrar que são toques de mãe para mãe e que crianças também precisam ter apoio emocional para um desenvolvimento saudável.
Caso sinta necessidade, não hesite em procurar um profissional de psicologia que atenda a faixa etária do seu filho.
Imagem de capa: Acervo pessoal Gabi Guedes
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