Tem momentos que as refeições são uma verdadeira luta não é mesmo? Quando a criança não senta na mesa ou é muito seletiva, usamos estratégias que até podem funcionar, mas que não são benéficas a longo prazo. Sem querer adotamos hábitos que na verdade devemos evitar nas refeições com crianças.
A forma como lidamos com a alimentação das crianças pode influenciar em sua relação com a comida no futuro. Uma relação saudável e prazerosa é fundamental para o bem-estar físico e emocional delas, assim como para o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida.
Por isso, listamos aqui seis hábitos que você deve evitar nas refeições com crianças. Eles são muito comuns e muitas vezes são adotados pelos pais sem perceber, mas é importante estar atento a eles para garantir uma relação mais positiva e nutritiva.
O que evitar nas refeições com crianças
1. Premiação
“Come tudo pra mamãe ficar feliz!” – parece incentivo, mas não é: comemos porque sentimos fome e não para agradar o outro. É importante que as crianças aprendam a se alimentar por si mesmas, sem precisar de incentivos externos. Oferecer recompensas em troca do cumprimento de uma tarefa ou da ingestão de um alimento específico pode criar uma associação negativa com a comida e prejudicar a autorregulação alimentar da criança.
2. Punição
“Enquanto não terminar, não vai poder ir brincar!” – alimentação não é moeda de troca nem deve ser associada a castigos, se não a comida será associada a situações negativas. É preciso que as crianças aprendam a comer porque é importante para a saúde e bem-estar delas. A punição pode gerar ansiedade e estresse nas refeições, além de tornar a alimentação uma obrigação e não um prazer.
3. Comparação
“Olha só como seu irmão comeu tudo!” – cada criança é única e tem as suas necessidades, seu apetite e suas preferências. Evite comparações para não gerar pressão e ansiedade nas refeições. Cada criança tem um ritmo e uma forma de comer diferentes, e isso deve ser respeitado para que a relação com a comida seja saudável e prazerosa.
4. Rótulos
“Meu filho come muito mal” – as crianças passam por fases: às vezes comem mais, outras menos. É normal e importante que os pais não rotulem seus filhos por conta disso. Rotular a criança pode gerar baixa autoestima e ansiedade em relação à alimentação, além de prejudicar a construção de hábitos alimentares saudáveis.
5. Distração
“Ele come melhor vendo TV” – comer com distração faz a criança comer além da sua necessidade e não traz aprendizado, pois ela não se conecta com o momento. É importante que as refeições sejam um momento de conexão e aprendizado. O ambiente deve ser tranquilo e sem distrações para que a criança possa se concentrar na comida e desenvolver a capacidade de autorregulação alimentar.
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6. Substituição
“Já que não comeu, pega um biscoito!” – evite oferecer alimentos menos saudáveis só para “forrar o estômago”. Se a criança não quiser almoçar, ela vai comer na próxima refeição. É importante que a alimentação seja saudável e equilibrada, e que a criança aprenda a respeitar seus sinais de fome e saciedade.
Lembre-se: comer bem não é sobre a quantidade de comida, mas sim COMO se come e a QUALIDADE desses alimentos. Todos nós temos a capacidade da autorregulação, até as crianças: o corpo delas sabe a quantidade que devem comer e do que precisam. Confie!
Persistir nos hábitos que devemos evitar nas refeições pode interferir na habilidade natural das crianças de autorregulação, fazendo com que elas se desconectem da fome e da saciedade, causando conflitos nas refeições e prejudicando a relação com a comida.
Claro que ninguém faz isso com a intenção de prejudicar, né? Mas agora que sabemos de tudo isso, podemos fazer diferente do que fizeram com a gente. Alinhe as suas expectativas e sirva leveza na mesa sabendo o que evitar nas refeições.
Dicas para promover uma alimentação saudável e prazerosa para as crianças
Além de evitar nas refeições os hábitos prejudiciais listados acima, há várias outras ações que os pais e cuidadores podem adotar para garantir uma alimentação saudável e prazerosa para as crianças. Algumas delas são:
1. Envolva as crianças no processo de escolha e preparo dos alimentos
Incentive as crianças a participarem da escolha dos alimentos e do preparo das refeições. Isso pode ajudar a despertar o interesse e a curiosidade delas em relação à comida, além de promover a autonomia e a independência na hora de se alimentar.
2. Ofereça uma variedade de alimentos
Procure oferecer uma variedade de alimentos nas refeições, incluindo legumes, frutas, verduras, cereais integrais, proteínas e gorduras saudáveis. Isso ajuda a garantir uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes.
3. Respeite os sinais de fome e saciedade da criança
Deixe a criança decidir quanto comer, leia mais sobre a divisão de responsabilidade. Respeite seus sinais de fome e saciedade e evite forçar a ingestão de alimentos ou restringir a quantidade. Isso ajuda a promover a autorregulação alimentar e a construção de hábitos alimentares saudáveis.
4. Crie um ambiente agradável para as refeições
Crie um ambiente agradável e tranquilo para as refeições, evitando distrações como televisão, celular e tablet. Isso ajuda a tornar a alimentação um momento de conexão e aprendizado, além de promover a construção de uma relação saudável e prazerosa com a comida.
5. Seja um exemplo de alimentação saudável
Os pais são um exemplo importante para as crianças na hora de se alimentar. Procure adotar hábitos alimentares saudáveis e equilibrados, e evite fazer comentários negativos sobre a comida ou o próprio corpo na frente das crianças. Isso ajuda a promover uma relação mais positiva e nutritiva com a alimentação.
Lembre-se sempre de que cada criança é única e tem suas próprias necessidades e preferências alimentares, e que cabe aos pais e cuidadores acompanhá-las e apoiá-las nesse processo de descoberta e construção de hábitos alimentares saudáveis.
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