Seu filho de 2 anos parou de comer? Saiba como agir e ajudá-lo a ter uma relação saudável com a alimentação. Dicas essenciais aqui!
A partir dos 2 anos observamos mais independência nas crianças, o raciocínio está mais desenvolvido e a exploração do mundo é bem mais interessante do que a alimentação já conhecida.
Nessa fase vemos também uma diminuição na velocidade de crescimento e de ganho de peso quando comparadas aos 2 primeiros anos de vida, isso se relaciona diretamente à diminuição do interesse e do consumo alimentar.
Considerando isso as famílias podem ficar um pouco angustiadas em ver um bebê que, por exemplo, aceitava tão bem os alimentos, de repente parar de comer e em uma refeição aceitar simplesmente nada.
Quando uma criança não come nosso papel é de olhar com curiosidade, ativar o lado detetive que existe em nós, uma refeição rejeitada não determina a vida e o estado nutricional dessa criança, é importante continuar observando esse mesmo dia, o dia seguinte e o decorrer da semana para realmente entender se há necessidade de intervir ou não.
Os avanços da nutrição e os estudos atuais nos trouxeram a informação de que o bebê está intimamente ligado às suas próprias necessidades nutricionais, isso significa que ele é capaz de regular quais alimentos irá comer e em qual quantidade para atender seu corpinho em relação aos nutrientes que está precisando naquele momento, chamamos essa capacidade de autorregulação energética.
Incrível não é?
Respeitar essa capacidade é importante para que, mesmo crescendo, ele continue respeitando seus próprios limites e tenha uma relação adequada com o comer. Quanto menor é a criança mais ela está ligada às suas próprias necessidades quando come e menos às necessidades externas, por exemplo, se vai agradar alguém quando come.
Quanto menor a criança mais difícil é interferir na quantidade de comida que ela deseja comer.
A insistência frequente para que a criança coma pode prejudicar essa capacidade de autorregulação energética, a criança pode entender que sua sensação interna de saciedade não deve ser considerada quando insistem para que ela coma mais.
Perder essas percepções de fome e saciedade pode resultar numa maior ingestão alimentar com consequente ganho de peso excessivo. É importante entender que a aceitação alimentar é influenciada por fatores pessoais e ambientais.
Fatores pessoais
Dentre os pessoais temos a preferências pelos sabores. Todos nascemos com preferência pelo sabor doce, salgado e rico em gorduras, isso se dá para atender nossas necessidades de energia, considerando o desconforto da sensação de fome, em contraponto à sensação agradável de saciedade, nosso corpo nasce programado para aceitar comidas ricas em açúcar, sal e gordura.
Por outro lado, rejeitar os sabores amargos e azedos foi uma marca genética de proteção desenvolvida ao longo dos anos da evolução humana e da seleção natural, isso porque muitas plantas venenosas tinham esse sabor. Hoje já não precisamos mais ir literalmente à caça dos alimentos! O gosto por esses sabores – muito presentes em frutas, legumes e verduras – deve então ser aprendido.
Fatores ambientais
Já em relação aos fatores ambientais temos a importância dos adultos envolvidos nos cuidados das crianças com uma importante tarefa de estimular o consumo da maior variedade de comidas possível, ampliando a aceitação alimentar que, nesta fase, tende a ser caracterizada pela presença de dificuldade na experimentação de alimentos novos. Ainda mais considerando o ambiente social em que vivemos atualmente, onde há grande oferta e estímulo para o consumo de comidas ricas em açúcar, gordura e sal.
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O que fazer se o filho parou de comer
Veja a seguir alguns exemplos de como você pode ajudar seu filho que parou de comer a aceitar melhor os alimentos e se manter conectado aos seus sinais internos de fome e de saciedade:
- Conversar no intuito de despertar curiosidade antes de provar o novo alimento, faça perguntas como: Qual o cheiro? Será que é macio ou crocante? É doce ou azedo? Será que faz barulho na boca? Será que pinta a língua?
- Ser exemplo, comendo o mesmo que a criança.
- Entender que às vezes a criança pode estar sem fome ou indisposta para comer, com esse entendimento é possível aceitar uma variação na quantidade de costume aceita.
- Estimular comportamentos alimentares adequados: comer com calma, orientar que preste atenção aos aspectos sensoriais da comida (gosto, cheiro, textura, etc.) e aos sinais produzidos pelo corpo que indicam a hora de começar a parar de comer.
- Sugerir que terminem de engolir antes de preparar outro alimento que levará à boca.
- Sugerir uma pausa no meio da refeição e pedir que a criança identifique como se sente em relação à fome e à satisfação: ainda com fome, satisfeito, cheio/estufado.
- Use bexigas em diferentes estados (vazia, cheia ou estourando) para ilustrar e melhorar a associação pelas crianças.
O que não fazer
Agora exemplos do que não fazer se seu filho de 2 anos parou de comer. Essas ações tendem a afastar a criança das suas próprias percepções e colocá-la num lugar de precisar sempre que alguém externo lhe diga, por exemplo, quanto comer, o que pode provocar um consumo exagerado de alimentos:
- Chantagear: (Ex: se não comer “X” não vai ganhar “Y”)
- Obrigar ou forçar a comer
- Substituir o alimento recusado por outro que ela prefere
- Categorizar os alimentos como saudáveis e não saudáveis, bons e ruins, proibidos e permitidos
- Ter elementos que distraem como televisão, computador, tablete, videogames e celular, na hora e no ambiente das refeições.
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Seu filho fez 2 anos e parou de comer? Como tem lidado com isso? Deixe nos comentários!
Referência
- Alvarenga, Marle et al. (2019). Nutrição Comportamental. 2ª ed. Barueri: Manole.
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