Obrigar a criança a comer também é agressão: como agir de forma positiva

Descubra as consequências de obrigar a criança a comer e como práticas alimentares saudáveis podem evitar transtornos emocionais e comportamentais.

Na alimentação infantil, a maneira como você trata seu pequeno afeta diretamente seu desenvolvimento psicológico e comportamental. Atitudes que podem parecer inofensivas podem, na verdade, causar prejuízos a médio e longo prazo.

Vamos explorar algumas dessas atitudes e entender por que não se deve obrigar a criança a comer e quais as consequências de fazer isso, além de aprender formas mais saudáveis e respeitosas de lidar com a alimentação das crianças.

Obrigar a criança a comer e suas consequências

“Só mais uma colherada”

O que realmente é: Coagir ou impor que a criança coma contra sua própria vontade ou além dos seus limites.

Consequências: Quando a criança é obrigada a comer, ela aprende a ignorar seus sinais de fome e saciedade. Isso pode levar ao desenvolvimento de comer emocional e transtornos alimentares. A criança pode passar a acreditar que os outros sabem mais sobre suas necessidades do que ela mesma, o que prejudica sua autonomia e autoconfiança.

Alternativa saudável: Incentive seu filho a ouvir seu corpo. Diga frases como “Converse com a sua barriguinha! Pergunta pra ela se ela ainda quer comer ou se já está satisfeita?”. Ajude a criança a entender e respeitar seus próprios sinais internos.

“Se não comer, vou ficar triste”

O que realmente é: Chantagem emocional.

Consequências: A chantagem emocional ensina a criança a priorizar as emoções dos outros acima de suas próprias necessidades. Isso pode resultar em uma busca constante por aprovação e dificuldades em estabelecer limites em relacionamentos futuros.

Alternativa saudável: Use uma abordagem positiva e encorajadora. Faça perguntas divertidas como “Será que sua fome está do tamanho de uma formiga, de um cachorrinho ou de uma girafa?” para tornar o momento da refeição leve e agradável.

“Come tudo ou o chinelo vai cantar”

O que realmente é: Ameaça de violência física. Aproveitar-se da vulnerabilidade do seu filho para diminuí-lo e dominá-lo pelo medo.

Consequências: Ameaças de violência normalizam a violência e podem levar à aceitação e normalização de abusos. A criança pode aprender que é normal punir ou ser punida para obter o que se quer, o que é extremamente prejudicial para seu desenvolvimento emocional e social.

Alternativa saudável: Seja um exemplo positivo durante as refeições. Coma junto com seu filho, faça do momento da refeição um momento agradável e divertido. Conversem sobre a comida e sobre outros assuntos, cantem, brinquem e riam juntos.

Leia também: Como lidar com criança que não quer comer em 8 dicas práticas

Dicas para tornar as refeições um momento positivo

Para ajudar os pais a regularem suas próprias emoções e encarar bem os desafios durante as refeições, preparamos o guia “Como Não Surtar” no nosso app Garfinho. Se você ainda não tem, clique aqui para baixar.

Incentive a autonomia da criança: ofereça refeições saudáveis regularmente e permita que a criança decida o quanto vai comer. Isso ensina a criança a ouvir seu corpo e a confiar em seus próprios sinais de fome e saciedade.

Use reforço positivo: reforce os comportamentos positivos com elogios. Diga coisas como “Você conseguiu usar o talher, filho! Viu como você é capaz?”. Isso aumenta a autoestima e a confiança da criança.

Respeito e compreensão: O amor, o respeito e a compreensão são sempre o melhor caminho. Respeite os sinais de fome e saciedade da criança, compreenda suas preferências alimentares e crie um ambiente de alimentação positivo e sem pressões.

Muitos de nós, adultos, já vivemos situações semelhantes às descritas acima durante nossa infância. É importante refletir sobre essas experiências e buscar formas mais saudáveis de interagir com nossos filhos.

Violências naturalizadas na infância podem deixar sequelas emocionais que perduram na vida adulta. Por isso, agir com amor, respeito e compreensão é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças.

Você já passou por isso ou precisou obrigar a criança a comer? Vamos conversar nos comentários! 

Danielle Andrade | Nutricionista Materno Infantil

Sou formada em Nutrição desde 2011 (CRN3 - 34430) e sou especialista em nutrição materno infantil e comportamento alimentar desde 2015. Meu atendimento tem foco na disciplina positiva com respeito e empatia, quero mostrar aos cuidadores a importância de se entender o “porquê a criança não come”, indo além do alimento ou quantidade em questão.

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