
Vai iniciar a introdução alimentar e tem medo dos alimentos alergênicos? Veja como oferecê-los com segurança e reduzir o risco de alergias!
Chegou um dos momentos mais aguardados pela família: a introdução alimentar! É uma mistura de sentimentos: emoção ao ver o bebê experimentando novos sabores e texturas; nostalgia, pois ele está crescendo. Mas também é um momento que pode trazer insegurança, especialmente em relação aos alimentos alergênicos.
Se você já se perguntou: “Será que meu bebê pode ter alergia? Se eu oferecer um alimento apenas uma vez e ele não reagir, já posso considerá-lo seguro? O que fazer se houver uma reação alérgica? Melhor adiar a introdução de certos alimentos?”, saiba que você não está sozinho(a)!
Como pediatra e alergista infantil, acompanho muitas famílias nessa jornada e quero te ajudar a conduzir esse processo com mais segurança.
O que é uma alergia alimentar?
A alergia alimentar ocorre quando o organismo reage de forma exagerada a um alérgeno presente em um alimento. Essa reação pode ser classificada em três tipos:
- IgE mediada: ocorre de forma rápida, entre 15 minutos e 2 horas após o consumo.
- Não IgE mediada: os sintomas podem surgir de horas a dias depois da ingestão.
- Mista: combina características dos dois tipos anteriores, podendo apresentar reações imediatas ou tardias.
Neste artigo, focaremos nas reações IgE mediadas, que são as mais comuns e ocorrem rapidamente após o consumo do alimento. Os sintomas incluem manchas vermelhas na pele, inchaço, tosse, chiado no peito, dificuldade para respirar, vômitos e sensação de garganta fechada.
Leia também: Alergia ao leite de vaca ou intolerância à lactose? Entenda as diferenças
Quais são os principais alimentos alergênicos?
Os alimentos mais associados a alergias na infância incluem:
- Leite de vaca
- Ovo
- Amendoim
- Oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas)
- Peixes e frutos do mar
- Soja
- Trigo
O leite de vaca já foi o maior causador de alergias na infância, mas, atualmente, o ovo ocupa essa posição. Além disso, alimentos como gergelim, chia, linhaça e até algumas frutas, como banana 🍌, também podem provocar reações alérgicas.
Outro ponto de atenção é o aumento dos casos de alergia a amendoim e castanhas, que podem causar reações severas e persistentes, inclusive por contato com pequenas partículas dos alimentos.
Se antes muitas crianças superavam as alergias entre 5 e 7 anos, hoje há um aumento de casos que persistem até a adolescência. Esse fenômeno pode estar relacionado à globalização, com fatores como altas taxas de cesárea, menor aleitamento materno, uso excessivo de antibióticos, consumo precoce de ultraprocessados e menor contato com a natureza.
Quando oferecer alimentos alergênicos?
Muitos acreditam que retardar a introdução desses alimentos pode evitar alergias. No entanto, pesquisas indicam que há um período ideal para apresentá-los ao bebê, conhecido como janela imunológica, que ocorre entre 6 e 9 meses de idade.
Nesse período, o sistema imunológico está mais propenso a reconhecer novos alimentos como seguros, reduzindo o risco de reações alérgicas no futuro. Costumo dizer que, nesse momento, o “cão de guarda” das alergias está dormindo, facilitando a aceitação dos alimentos alergênicos com menor chance de reações adversas.
Isso vale inclusive para bebês com histórico familiar de alergia alimentar! Mesmo que pais ou irmãos tenham alergia, a recomendação continua sendo a mesma. 😉
Como oferecer alimentos alergênicos com segurança?
Aqui estão algumas dicas importantes:
- Escolha um momento tranquilo – O bebê deve estar saudável, sem resfriados ou outras doenças, para facilitar a identificação de possíveis reações.
- Introduza um novo alimento por vez – Se oferecer ovo e peixe no mesmo dia e o bebê reagir, será difícil saber qual causou o problema.
- Comece com pequenas quantidades – Ofereça uma porção reduzida e aumente gradualmente nas próximas refeições.
- Mantenha a frequência – Atenção! Oferecer um alimento uma única vez não garante que o bebê não terá alergia. O ideal é que ele continue consumindo o alimento regularmente para manter a tolerância.
- Observe possíveis reações – Fique atento a sintomas como placas vermelhas na pele, inchaço nos lábios, vômitos, diarreia ou dificuldade para respirar. Caso algo incomum ocorra, procure atendimento médico.
O que fazer em caso de reação alérgica?
A maioria das reações ocorre nas primeiras duas horas após o consumo e, geralmente, são leves. Mas, como não há garantias, é essencial estar preparado(a)!
Se houver uma reação, suspenda o alimento imediatamente e procure atendimento médico para avaliar a situação.
O bebê pode consumir o alimento novamente?
Se não houve reação, ótimo! O ideal é continuar oferecendo o alimento com frequência para que o organismo do bebê o reconheça como seguro.
Se houver uma reação alérgica confirmada, não reintroduza o alimento sem orientação médica. A reintrodução deve ser feita de forma segura e supervisionada por um profissional capacitado.
Cuidado com dietas restritivas sem necessidade!
Vivemos uma era de superdiagnósticos de alergias alimentares, muitas vezes equivocados, gerando insegurança nas famílias e impactos negativos na nutrição do bebê e na saúde mental dos pais.
Durante a gestação, não há necessidade de restringir alimentos para prevenir alergias no bebê. O mesmo vale para a amamentação – poucas são as situações que exigem restrição alimentar por parte da mãe. E, caso seja necessário, essa dieta deve ser acompanhada por um profissional atualizado e alinhado com a amamentação.
Evitar alimentos alergênicos sem necessidade pode causar deficiências nutricionais e dificuldades alimentares futuras. Portanto, se houver suspeita de alergia, procure um especialista para um diagnóstico correto.
Que a introdução alimentar do seu bebê seja tranquila, segura e cheia de novas descobertas!
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