A importância da alimentação infantil: como formar um comedor competente

Saiba a importância da alimentação infantil na formação de um comedor competente e como promover uma relação saudável com a comida desde cedo!

O que é um comedor competente?

São comedores que, naturalmente, apresentam as seguintes capacidades:

  • Gostam da comida disponível;
  • Regulam o consumo de alimentos se baseando em seus próprios sinais internos;
  • Controlam o contexto alimentar conforme vão crescendo.

Qual a importância da introdução alimentar na alimentação infantil?

O período que compreende a gestação e os dois primeiros anos de vida do bebê é o período de maior desenvolvimento físico e mental. Em nenhuma outra fase da vida haverá tantas transformações como nesses quase 3 anos. Ganho de peso, crescimento do corpo e do cérebro, além do desenvolvimento cognitivo. Tudo é muito intenso!

Sabe-se que a Nutrição adequada nesse período da vida é capaz de ajudar na prevenção de diversas doenças na fase adulta, porém, além do que se come, como se come é tão importante quanto é irá impactar nas competências alimentares da criança por toda a vida.

Aprendendo a confiar nos bebês

Os bebês estão intimamente ligados às suas próprias necessidades nutricionais, exemplo disso é a amamentação em livre demanda, onde o bebê sinaliza quando está ou não satisfeito.

Naturalmente ele é capaz de regular quais alimentos irá comer e em qual quantidade para atender seu corpinho em relação aos nutrientes que está precisando naquele momento, desde que lhe sejam oferecidos alimentos adequados para cada faixa de idade.

Conforme o bebê cresce e inicia a alimentação complementar é importante manter esse respeito às necessidades de fome e saciedade, sabendo identificar seus sinais.

A alimentação dos bebês tende a ser carregada de expectativas, desejos, preocupações e tantas outras emoções, saber que existem responsabilidades a serem compartilhadas nesse processo ajuda muito a tirar dos cuidadores, por exemplo, o peso sobre o quanto o bebê come.

Quais responsabilidades são essas?

Cabe aos cuidadores cuidar do que está sendo oferecido ao bebê e como está sendo oferecido, isso é garantido com a oferta de alimentos naturais, por exemplo frutas, vegetais carnes, em consistência segura para a idade do bebê, num ambiente tranquilo, sem eletrônicos, adequado à alimentação, onde o bebê tem a oportunidade de comer com autonomia, em companhia e também dentro de uma rotina minimamente organizada.

Neste contexto, os bebês, espontaneamente, assumem suas responsabilidades, sobre o que vão comer e quanto irão comer dentro do que lhe for oferecido.

Meu bebê tem mais de 2 anos, como posso ajudar?

Sempre é tempo de rever os comportamentos que envolvem a alimentação infantil e ajudar a criança a se tornar um comedor competente, mesmo que já tenha passado a fase de introdução alimentar, que vai dos 6 meses aos 2 anos de vida, existem algumas práticas que podem ser aplicadas em qualquer idade. Vou deixar a seguir dicas de como fazer isso no dia a dia:

  • Seja exemplo sobre o que e como comer;
  • Escolha alimentos in natura e minimamente processados para toda a família;
  • Prepare a comida da família;
  • Torne agradáveis os momentos das refeições (ambiente tranquilo, sem distrações, se sentar à mesa, comer em companhia);
  • Garanta que a alimentação faça parte de uma rotina organizada;
  • Permita que seu filho se alimente sozinho assim que for possível, adaptando utensílios e consistências quando for necessário.

Leia nosso artigo: Como escolher industrializados saudáveis para crianças em 3 passos

A relação com a comida existirá durante toda a vida de uma pessoa e existem algumas atitudes que podem atrapalhar a construção de uma boa relação, são elas:

  • Obrigar seu filho a comer toda a comida do prato quando ele não quer mais;
  • Não permitir que seu filho repita algo quando pede mais;
  • Restringir a quantidade ou tipo de alimento;
  • Classificar alimentos como “saudáveis” e “não saudáveis”, “proibidos” e “permitidos”;
  • Usar elementos que distraem como televisão, computador, tablet, videogames e celular na hora das refeições. Inclusive quando ligados no mesmo ambiente ou não direcionados à mesa de refeição.

Um bebê que não come nem sempre precisa de uma intervenção, mas sempre precisa de observação, uma observação curiosa sobre os seguintes pontos:

  • Como será a aceitação na próxima refeição?
  • Algo foi oferecido fora dos horários das refeições e pode ter interferido no apetite?
  • Existe algo que pode estar atrapalhando a aceitação dos alimentos? (exemplos: nascimento de dentes, resfriado)
  • No decorrer da semana a aceitação alimentar melhorou ou piorou?
  • Como está a disposição para brincar e realizar as atividades do dia a dia? Continua ativo e animado?

Respeitar a capacidade de se alimentar dos bebês é importante para que, mesmo crescendo, eles continuem respeitando seus próprios limites e tenham uma relação adequada com o comer.

Esteja segura, ofereça comida de qualidade e confie! Essa é a melhor forma de garantir uma alimentação infantil saudável. Não deixe de ler os guias do aplicativo Garfinho, lá tem tudo sobre como lidar com o comportamento infantil e diversas ideias para atividades com alimentos, faça o download gratuito aqui.

Referências

1. BEE, Wilson. Como Aprendemos a Comer: Por que a Alimentação Dá Tão Errado para Tanta Gente e Como Fazer Escolhas Melhores; tradução Juliana Romeiro – 1.ed. – Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

2. DURÃES, Karine Nunes Costa. Comendo Feliz: Um Guia de Alimentação Infantil: Do Nascimento aos 7 Anos – Curitiba: Matrescência, 2021.

3. ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental – 2.ed. – Barueri: Manole, 2019.

4. KLUPPER, Cícero Alaor. Vamos para a Mesa: Orientações e Reflexões sobre Crianças que Comem Mal – Curitiba: Matrescência, 2022.

Giselle Gattai | Nutricionista

Sou Nutricionista com Especialização em Nutrição Clínica em Pediatria pelo Instituto da Criança - HCFMUSP. Me tornar mãe de duas meninas me transformou e hoje meu propósito é ajudar famílias a melhorarem a forma de se alimentar e a forma de conduzir a alimentação das crianças, contribuindo para a prevenção de doenças relacionadas à má alimentação. Acredito na Nutrição desde o início da vida, Nutrição que vai além dos alimentos que comemos, inclui a forma como comemos, onde nos alimentamos, com quem... Enfim, esse universo que envolve o comportamento alimentar.

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