Entenda por que as crianças buscam comida confortável e como lidar com essas preferências de forma saudável.
Meu filho quer chocolate toda hora – o que eu faço?
Quando Guga desmamou, com 1 ano e 11 meses, digo que ele trocou o peito pela banana. Ele pedia banana a todo momento. Quando estava triste, quando estava feliz, quando queria chorar, quando acordava, quando ir para o banho contrariado e, principalmente, antes de dormir. Percebi que ele não tinha fome ou vontade de comer banana. Ele queria algo seguro para ele.
Nossa nutricionista confirmou o comportamento. A banana alimenta e é segura, gostosa, oferece conforto. Então ela é uma comida confortável para ele.
Mas eu não poderia dar banana o dia inteiro, até porque isso atrapalhava o almoço e o jantar. Então passei a esconder a banana e distrai-lo para que buscasse outros alimentos ou outras atividades. Por que não uma maçã, que é mais levinha, antes do almoço? Ou algumas uvas? Existem tantas frutas gostosas!
Em uns dois meses, o “surto” passou. Voltou para a rotina e a banana voltou a ser o café da manhã preferido – parou de pedir toda hora.
O chocolate como comida confortável
Quando ele experimentou chocolate (85% cacau), com 2 anos e 10 meses, não tem como negar, ele amou! Depois, comeu o 70% e confirmou o que eu já sabia: é um caminho sem volta.
Então, nos dias que se passaram, vez ou outra, ganhava um pedacinho de chocolate – até que passou a pedir. A toda hora, a todo momento. Quando a gente explicava que não tinha, o choro durava mais de 10 minutos, ele ficava inconformado que não tinha, pedia para irmos no mercado comprar.
Fiquei preocupada: se eu proibir ou tornar o chocolate um alimento “sagrado”, ele vai querer ainda mais. Se eu liberar, ele vai trocar as frutas pelo doce. O que eu faço?
Decidi seguir a orientação, novamente, das especialistas em alimentação infantil, do Garfinho: preparei o almoço e atendi a seu pedido, coloquei 3 quadradinhos de chocolate amargo no prato (até o momento ele nunca comeu chocolate ao leite). Resultado: ele parou de chorar, comeu todo o chocolate e depois comeu dois pedaços de brócolis. Não quis tocar nem no arroz e feijão nem no tofu grelhadinho, que ele ama.
Mas foi aí que deu errado: pediu mais chocolate e eu falei que acabou. Ficou inconsolável. Apenas acalmou quando eu o coloquei no carrinho e saímos para passear.
Respirei fundo, acolhi, pedi para ele não gritar, pois a mamãe não conseguia entender. E eu falei que o papá tinha acabado porque ele não queria mais comer, só queria chorar. Enfim, ele foi acalmando devagar, na rua, e voltou a pedir papá.
Chegamos em casa do passeio, ele se sentou na mesa e comeu tudo – e ainda repetiu duas vezes.
Na hora de dormir, chorou porque o livrinho que ele queria não estava no quarto. E, no meio do choro, o motivo mudou: “chocolateeeeee”, gritava. “Já vi esse filme antes, com a banana”, pensei.
Então, no dia seguinte, quando ele estava calmo, achei que era hora de explicar sobre o chocolate: “filho, o chocolate é um alimento como todos os outros – e acaba. A melancia que você comeu hoje, acabou. E não é todo dia que dá para comprar. Para isso, temos outros alimentos, entendeu?” Ele fez que sim com a cabeça. E acho que entendeu de verdade. Sua “compulsão” parece ter acalmado nos dias seguintes, pois ele não pediu mais.
Quando chegou a Páscoa…
Então, chegamos à Páscoa. Minha mãe, que sempre me ouve em tudo e respeita 100% minhas decisões, comprou em um lugar especializado ovinhos de Páscoa para bebês, adoçados com tâmaras. Minha irmã também o presenteou com um brinquedo em formato de ovo, sem doces.
Leia também: Dia do chocolate: 7 receitas com chocolate para bebês
Fizemos caça aos ovos e Guga simplesmente amou ganhar ovinhos. Amou tanto que comeu 8 ovinhos seguidos, de uma única vez. Lá pelo sexto, expliquei que se ele comesse tudo, os ovinhos iam acabar e não teríamos mais. Ele entendeu e decidiu continuar comendo. Ok, decisão dele, respeitamos. Os ovos acabaram e ele não pediu mais. Foi brincar com o primo feliz da vida, com a boca docinha, como deve ser na Páscoa.
Outro dia, saímos para comer uma sobremesa e deixamos Guga tomar com a gente. Como ele ficou feliz de ser incluído em algo que antes falávamos que era de adulto. E até me perguntou: “tem cafeína aqui, mamãe?”. Eu morri de rir, pois sempre que digo que ele não pode comer ou tomar algo (como chá mate, que eu amo e tomo bastante), falo que tem cafeína. Incrível como eles entendem e memorizam as coisas, né?
Nas semanas seguintes, o chocolate deixou de ser a comida confortável, era apenas um alimento gostoso que ele come de vez em quando. As frutas seguem no cardápio todos os dias, sem rejeição. Mas confesso: continuo comendo minhas barras escondida dele! rsrs Você também faz isso?
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