3 erros sobre alimentação infantil que você precisa abandonar para que seu filho coma de tudo

Descubra os 3 principais erros sobre alimentação infantil que podem estar arruinando a relação do seu filho com a comida.

Há muitos erros sobre alimentação infantil que os pais cometem sem perceber. Neste artigo, vamos discutir os três principais erros que você precisa abandonar para que seu filho coma de tudo.

Trazer esse assunto é uma oportunidade pra entender sobre nossas crenças, o que realmente acreditamos sobre esse assunto e um convite para rever e repensar sobre como conduzimos a alimentação dos nossos filhos. Vamos aos absurdos que muitas vezes acreditamos e confiamos:

Erros sobre alimentação infantil para abandonar

Erros sobre alimentação infantil para abandonar

1. Querer que a criança coma de maneira mais comedida alguns alimentos e insistir para que ela coma grandes volumes de outros

Aqui você pode pensar logo de cara que gostaria muito que seu filho comesse controladamente doces e que aceitasse com mais entusiasmo legumes, por exemplo. Aproveito esse absurdo, ou erro, ou mito como você preferir, pra chamar atenção para a autorregulação energética da criança. Já ouviu falar sobre isso?

Até os 2 anos de idade, principalmente, as crianças estão muito conectadas com suas necessidades nutricionais, ela realmente sente e sabe o que precisa comer pra conseguir os nutrientes que ela precisa desde que lhe sejam oferecidas opções nutritivas para guiar essas escolhas.

Vou dar um exemplo: quando tem sobremesa e a criança sabe que tem, é natural e esperado que ela coma menos a comida pra comer mais a sobremesa, no final o dia a quantidade de calorias, por exemplo, que ela precisa é a mesma e ela decidirá, dentre o que lhe é oferecido, como ela alcançará essa quantidade de calorias que precisa.

Depois dos 3 anos, mais ou menos, a criança passa a reagir mais ao que recebe do ambiente externo em relação ao que irá escolher e está menos ligada aos seus sinais internos. O objetivo e a importância de uma Introdução Alimentar bem conduzida é prolongar essa autorregulação.

Conforme falamos e ensinamos nossos filhos a comer podemos comunicar muitas coisas, dizer, por exemplo, que “só depois de comer toda a comida, vai comer a sobremesa”, dependendo de como é falado, é ensinar pra ela:

  • Que sobremesa é recompensa
  • Que tudo bem ela comer além da saciedade dela
  • Receber um doce não é algo natural é algo que precisa de muito processo pra ser recebido

O que fazer então?

É muito importante cuidar da RELAÇÃO da criança com a alimentação. Veja algumas sugestões pra lidar com esse contexto:

  • Não ter sobremesa todos os dias: isso facilita pra que a gente não precise lidar com essa situação que tira a leveza da condução da alimentação dos nossos filhos.
  • Mudar a frase “só vai comer sobremesa depois que jantar” para “assim que jantar você come a sobremesa”, essa simples substituição, falada num tom de voz gentil, tira ideia de chantagem e coloca ideia de ritmo, e dá a oportunidade de ensinar sobre saciedade, pois permite que observemos se a criança vai comer rápido ou pouco, por exemplo. A ideia é que a criança comece a se perceber e não a acertar o que realmente é saciedade.
  • Direcionar a porção da sobremesa: separar uma porção pequena de sobremesa explicando que percebeu que não está com muito apetite naquela refeição
  • Servir a porção de sobremesa junto da refeição
  • Deixar algum dia a criança comer até a vontade acabar e observar o que vai acontecer depois.

Provavelmente ela não comerá 10 sorvetes ou 10 pedaços de bolo como muitas vezes é o desejo por trás da fala dela. Lembre-se sempre que os cuidadores são os líderes na condução da alimentação infantil, não precisa ter medo dos desejos da criança, dizendo isso vamos ao segundo erro/mito/crença.

Leia também: Obesidade infantil – 5 ações para proteger a saúde e o futuro do seu filho

2. Desejar que a criança não deseje

DESEJAR MOVIMENTA A VIDA! Não falo só sobre alimentação, o desejo inclui todos os aspectos da vida, desejar nos move pra onde queremos chegar e estar. Lembre-se que “O desejo do teu filho não diz nada sobre você, fala sobre ele, o que é importante pra ele”.

A palavra que quero destacar é a VALIDAÇÃO, validar o desejo do seu filho não significa atender, significa entender melhor esse desejo.

Como fazer isso?

Levar para o lúdico: aqui vou dar um exemplo da minha vida real! Todos os dias, na ida da escola com minhas filhas passamos na frente de uma sorveteria e, muitas vezes, minha filha de 4 anos pede pra tomar sorvete, fala que quer muito.

Depois de responder de forma rígida, desajustada algumas vezes, seguindo em algumas delas com briga e choro, passei a validar o desejo dela falando: “Nossa filha, seria ótimo né?! Sorvete é uma delícia mesmo! E você ia querer de qual sabor? No potinho ou na casquinha? E o que mais? E o que mais?” e assim passamos a conversar mais e quando vemos já chegamos na escola, sem briga, sem choro e com ideias deliciosas pra próxima vez que formos na sorveteria.

Quando reagimos de forma rude ou desajustada ao desejo da criança podemos colocá-la num lugar de culpa ou até de vergonha por sentir aquele desejo, validar tira ela desse lugar e mostra que tudo bem desejar.

Nem sempre é necessária muita explicação, o mais importante é ser coerente com o que vale para a família, outra sugestão é explicar que “na nossa família é assim!” Isso une a criança aos rituais da família, primeiro “local” onde ela tem desejo de ser aceita, de pertencer. Vamos ao terceiro mito/erro/crença.

3. Só servir para a criança o que ela gosta, esperando que ela vá gostar de outros alimentos diferentes

Aqui quero chamar atenção para as PREFERÊNCIAS individuais, lembre-se que pessoas diferentes têm diferentes preferências alimentares. Entender isso nos dá oportunidades de mostrar como é bom comer nosso alimento preferido num dia e, no outro dia, ver como o outro come feliz um alimento que pra mim não é tão preferido assim, às vezes até aversivo.

Fazer isso repetidas vezes abre oportunidades pra experimentar alimentos novos, a criança vai aprendendo que comer aquele alimento talvez seja bom. Se comermos nosso prato favorito todos os dias ele pode deixar de ser favorito.

Vivenciar essa experiência também dá a oportunidade de criar nossa resiliência sobre a criança sentar aquele dia à mesa e comer só um pouquinho. Ela comer “só um pouquinho” está relacionado a ela. A avaliação sobre sermos bons cuidadores ou não está no PROCESSO e não no RESULTADO, a forma como nos entregamos ao processo é o que diz quanto bons cuidadores nós somos.

O que fazer então?

Lembrar que meu papel como cuidador é oferecer alimentos variados pro meu filho, ele aceitar não é minha responsabilidade! Leia sobre divisão de responsabilidade na alimentação!

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E quais destes erros sobre alimentação infantil você tem cometido aí? Vamos conversar nos comentários!

Referência e inspiração: Aula “Sensibilização para os absurdos” da Mentoria MAPA da Nutricionista Karine Durães.

Giselle Gattai | Nutricionista

Sou Nutricionista com Especialização em Nutrição Clínica em Pediatria pelo Instituto da Criança - HCFMUSP. Me tornar mãe de duas meninas me transformou e hoje meu propósito é ajudar famílias a melhorarem a forma de se alimentar e a forma de conduzir a alimentação das crianças, contribuindo para a prevenção de doenças relacionadas à má alimentação. Acredito na Nutrição desde o início da vida, Nutrição que vai além dos alimentos que comemos, inclui a forma como comemos, onde nos alimentamos, com quem... Enfim, esse universo que envolve o comportamento alimentar.

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