
Comer bem na infância é mais do que comer legumes. Veja como construir uma relação saudável e tranquila com a comida desde cedo, em família.
Alguns dias atrás saímos em família e me dei conta de como minhas filhas comem bem!
Comentando isso com uma pessoa conhecida, ela perguntou: “comem verduras e legumes?” — e eu percebi que, no prato que minha filha de 5 anos montou no restaurante self-service do passeio, não havia saladas, verduras ou legumes coloridos. Ainda assim, ela escolheu alimentos variados, num ambiente novo, numa quantidade que aceitou bem, experimentou a sobremesa, não quis comer tudo e, no final, disse que já estava satisfeita.
Para mim, o conjunto de tudo isso mostra o que é comer bem na infância. Essa situação me fez refletir — não só como mãe, mas também como nutricionista — sobre o que realmente significa “comer bem” para uma criança.
Afinal, o que é uma criança que come bem?
Para mim, é aquela que gosta de comer, que se alimenta junto com a família, em diferentes ambientes, e cuja alimentação não vira uma preocupação durante uma viagem. É a criança que consegue escolher diferentes tipos de alimentos e que está atenta aos sinais do próprio corpo — reconhecendo a fome e, principalmente, a saciedade.
Comer bem na infância não é sinônimo de comer muitas frutas, legumes e verduras.
Essa mesma filha, por exemplo, come poucas variedades desses alimentos, que eu consigo contar nos dedos. Mas isso não é um problema: esses alimentos continuam presentes na nossa rotina e ela ainda tem oportunidades de interagir com eles — como ao me ver comendo com prazer, ou me ajudando a preparar alguma receita.
Comer bem é sobre construir, dia após dia, uma relação tranquila, saudável e possível com a comida.
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Comer bem na infância exige um olhar além do prato
Eu sei que algumas crianças realmente precisam de ajuda para comer bem. Mas essa ajuda vai além do cardápio: envolve um olhar atento para o comportamento alimentar da criança e da família.
A verdade é que o acompanhamento profissional semanal, quinzenal ou mensal com a criança é muito pouco frente às inúmeras oportunidades diárias que a família tem com ela. Por isso, é fundamental refletir sobre o papel dos cuidadores e a influência direta deles sobre os hábitos alimentares dos pequenos.
Vamos pensar juntos sobre algumas dessas responsabilidades:
- Cuidar do que será oferecido à criança
- Cuidar do ambiente onde ela faz as refeições
- Cuidar da rotina alimentar
- Observar sua própria relação com a comida
- Prestar atenção aos exemplos que você está dando
Criança não é mini adulto
Existem momentos em que conseguimos adaptar a alimentação do adulto para a da criança. Mas nem sempre isso é possível ou adequado.
Hoje em dia, as crianças estão sendo expostas cada vez mais cedo a alimentos que não são apropriados para a infância — como diet, light, hiperproteicos ou produtos ultraprocessados. E, muitas vezes, essa exposição acontece sem uma real necessidade.
A verdade é que se provar, vai gostar — e o problema aqui não é só o sabor, mas sim a composição nutricional inadequada desses produtos para a fase em que a criança está se desenvolvendo.
Se você tem uma alimentação que exige cuidados especiais por questões de saúde ou estilo de vida, isso não significa que a alimentação do seu filho deva seguir o mesmo caminho. Pode ser necessário ter produtos diferentes em casa e explicar, com carinho, que alguns alimentos são exclusivos para adultos.
A ciência é clara: quanto maior o consumo de ultraprocessados, maior será o prejuízo metabólico para essa criança.
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Comer bem na infância é uma construção coletiva
Se você buscou ajuda para melhorar sua alimentação, que ótimo! Mas procure também apoio para oferecer uma alimentação adequada ao seu filho — com um olhar para o comportamento alimentar familiar e que funcione na sua rotina real.
O acompanhamento nutricional também serve para isso: criar soluções possíveis, humanas e respeitosas para a alimentação da família.
Te convido a olhar com mais gentileza para a sua relação com a comida e perceber como isso reflete na alimentação do seu filho.
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